A infertilidade (incapacidade de criar descendentes de forma natural) é um problema que afecta numerosos casais em todo o mundo. As taxas de infertilidade têm vindo a aumentar ao longo dos anos, devido, em parte, aos novos hábitos das sociedades modernas. A esterilidade pode ser um problema masculino, feminino ou de ambos. Os casais com este tipo de dificuldade recorrem, normalmente, a técnicas de reprodução assistida. De entre muitas das técnicas existentes salientarei a fecundação in vitro.
A fecundação in vitro consiste na junção de oócitos, previamente retirados do ovário da mulher, com espermatozóides do homem. É um processo usado tanto em mulheres com problemas ao nível das trompas de Falópio (em que a obstrução destas não permite a passagem dos espermatozóides e a consequente fecundação) como em homens que apresentam um número muito reduzido de espermatozóides, de má qualidade e com baixa mobilidade.
Os pedidos de fertilização humana in vitro têm surgido desde a década de 40, mas o primeiro caso confirmado ocorreu em Inglaterra, sob a direcção de Robert Edwards, um fisiologista da universidade de Cambridge, e de Patrick Steptoe, um ginecologista inglês. Em 1978, estes dois cientistas anunciaram que uma mulher tinha engravidado através desta técnica (que eles tinham aperfeiçoado durante anos). A mulher chamava-se Lesley Brown, uma dona de casa inglesa, de 30 anos, que, devido ao bloqueamento das trompas de Falópio, não conseguia engravidar. Foi então que, a 25 de Julho de 1978 deu à luz uma menina, Louise Brown. Nascia assim o primeiro bebé-proveta.
A fecundação in vitro compreende várias etapas:
1ª- os ovários são estimulados a produzir oócitos;
2ª- extracção, por sucção, do(s) oócito(s);
3ª- armazenamento do oócito (óvulo) numa cultura que se assemelha muito ás condições do interior do útero;
4ª- junção do óvulo numa solução contendo esperma;
5ª- um espermatozóide penetra no óvulo, dando-se assim a fecundação;
6ª- o agora zigoto é incubado, in vitro, em meio próprio até à sua divisão (2 a 8 células);
7ª- agora pronto, o embrião pode finalmente ser implantado no útero da mulher.
Fig 1- Esquema da fecundação in vitro
Após a introdução do embrião no útero, e se tudo correr bem, este ficará firmemente ajustado à parede uterina e começará a desenvolver-se normalmente. Este delicado procedimento é talvez o passo mais difícil no complexo processo in vitro. Robert Edwards e Patrick Steptoe, tinham um reduzido número de gravidezes bem sucedidas: dois casos nas suas primeiras setenta e nove tentativas! Estes dois cientistas verificaram um dado curioso: toda a implantação bem sucedida que eles tinham realizado ocorrera de noite. Este facto é explicado, especula-se, pelo corpo passar por diferentes estados fisiológicos em momentos diferentes do dia.
Importa no entanto referir que, com o avançar da tecnologia, a taxa de sucesso tem vindo a aumentar, encontrando-se neste momento em 50% e podendo mesmo ser maior em mulheres com idade inferior a 35 anos.
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